Thursday, September 04, 2014

Praias semi-privadas

Em Portugal, por lei, as praias são públicas e toda a gente (rica ou pobre) tem o direito de aceder e usufruir das mesmas. No entanto há sítios no nosso país onde se parece ter contornado esta lei e criado o conceito que eu designo de praias "semi-privadas". Devido talvez a uma alergia dos ricos aos pobres, ou pura e simplesmente, um gosto de estar apenas rodeado pelos da sua classe vão-se criando "enclaves" que dificultam o acesso à praia pelos menos abastados.
Escrevo este artigo da Praia da Quinta do Lago e de seguida conto-vos como aqui vim parar. Estamos de férias em Faro e temos tentado ir a uma praia diferente todos os dias. Ora, como já tínhamos ido à Praia de Faro olhei para o mapa procurei um praia mais a leste. O que encontrei? A praia da Quinta do Lago. Agarrei no GPS e cá vim ter. Ao aproximar-nos da praia chegamos a uma rotunda com 3 saídas. Uma dizia hotel e tinha um sinal de trânsito proibido excepto para utentes do mesmo, outra dizia "aldeamentos" e a terceira dizia "praia". Ao sair na ultima saída somos imediatamente confrontados com um sinal de parque pago. Olhamos em redor e todos os passeios são altos de mais para estacionar... Recorremos ao típico xico-espertismo tuga, viramos para os aldeamentos (eufemismo para mansões de férias) onde por cada mansão havia lugares para uns quatro carros (suponho que sejam para o jardineiro, ama, mordomo e senhora da limpeza). Lá nos safámos mas claramente estes não eram lugares para quem queria ir à praia. E não há estacionamento gratuito previsto para os banhistas. Como é que a câmara municipal local compactua com isto?
O segundo caso é o de Tróia, praia da minha infância. Desde que o grupo SONAE ficou com a concessão da Torralta os preços dos bilhetes de barco mais que duplicaram. Um bilhete de ida-e-volta de Setúbal para Tróia (e somos obrigados pela Atlantic Ferries a comprar ida-e-volta) custa 6.50€! Um valor que permite uma ida ocasional à praia mas certamente não permite a uma família usar a praia diariamente. Para efeitos de comparação a travessia de ferry Olhão - Ilha da Culatra nos dois sentidos custa 3.70€. Não foi só a travessia para Tróia que se tornou proibitiva o grupo reduziu o estacionamento gratuito em Tróia a meia dúzia de lugares e agora espera que as pessoas lhes pague para lá deixar o carro.
Estes exemplos são infelizes e desconfio que não sejam os únicos... Melhor exemplo, não perfeito, é o da praia do Carvalhal cujo estacionamento junto à praia é pago mas que logo a seguir disponibiliza um estacionamento gratuito salvaguardando o direito de acesso à praia por todos.