Sunday, January 30, 2022

Indicadores económicos 1985-2020

Durante a campanha para as eleições legislativas de 2022 o líder do PS, António Costa, gabou-se de ser responsável pelo maior crescimento económico dos últimos anos como resposta a Portugal ter sido ultrapassado pelos países da Europa de Leste. Lamentavelmente a imprensa portuguesa não esclarece e muitos de nós temos de nos fiar nas palavras dos políticos para avaliar a performance económica de cada legislatura. Ora, os políticos escolhem sempre os números que lhes convêm, no horizonte temporal mais benéfico sem revelar, todos os números numa base fácil comparar.

Felizmente os números não precisam ser subjectivos, o Instituto Nacional de Estatística e o Banco de Portugal publicam todos os números que precisamos para avaliar o que passou em cada legislatura e pintar um cenário completo e objectivo.

Crescimento económico

A economia portuguesa depende em grande medida da economia europeia. Quando a economia europeia cresce, a economia portuguesa cresce e vice-versa. Daí um indicador interessante de analisar é a convergência entre a economia Portuguesa e a Europeia. A Figura 1 ilustra o ranking do PIB per capita português comparado aos países da UE27 contrapondo com a diferença entre o PIB per capita português à média da UE27 (a preto).

Fig. 1 - PIB per capita vs UE
 

Em 1989 Portugal atinge o 15º lugar no ranking de PIB per capita na UE, o seu lugar mais elevado. Mantém este lugar até 2006. Mas a divergência começa em 2001, desde daí até aos dias de hoje, com algumas excepções, o PIB português tem vindo a afastar-se da média europeia. Em 2019 Portugal baixa para a 18ª posição no ranking, o seu lugar mais baixo, fruto da pujança das economias da Europa de Leste.

As excepções à divergência ocorreram em 2009, à custa de um aumento da dívida substancial, e em 2015, após o programa da Troika.

Fonte: World Bank

Dívida pública

Fig. 2 - Dívida Pública em percentagem de PIB




Até 2002 Portugal manteve uma dívida pública na ordem dos 60%, condição acordada na Eurozona para ter o Euro como moeda nacional. Este limite é furado em 2003 e, em 2011, ano em que o líder do PS, José Sócrates, faz o pedido de ajuda externa ao FMI, Comissão Europeia e BCE (Troika), passa os 110%! Após o programa da Troika, em 2015, a dívida começa um caminho descendente. Em 2019 Portugal obtém o primeiro excedente orçamental atingido em democracia, de 0,1%. Este caminho descendente da dívida pública portuguesa é interrompido pelo Coronavirus que põe a nu lacunas no SNS, fruto de sub-investimento crónico.

Impostos

Fig. 3 - Impostos em percentagem do PIB

Em 2016, senão me falha a memória, Costa diz "Virámos a página da austeridade", será verdade? Desde 2014 até 2019 os impostos em percentagem do PIB aumentaram, aproximando-se do recorde de 2006 e superando os impostos durante o período da Troika. Mas a austeridade não se sentiu apenas nos impostos.

Investimento Público

Desde 2014, com excepção dos anos de endividamento louco de 2009-2011, o investimento público nas administrações públicas tem vindo a diminuir. Nem a "Geringonça" de António Costa reverteu esta tendência, foi preciso uma pandemia global para o investimento público chegar aos níveis de 2015.

Fonte:  Séries Longas da Economia Portuguesa - SLEP 2020

Facilidade para realizar negócios

Para melhorar uma economia é essencial melhorar o ambiente para realizar negócios, tal atrai investimento estrangeiro e a criação de novas empresas.

Fig. 5 - Ranking Ease of Doing Business

Em 2014 Portugal atinge o 23º lugar, o sua melhor posição, no ranking Ease of Doing Business, que mede o ambiente para se fazer negócios. Desde então Portugal tem vindo a descer neste ranking atingindo em 2019 a 39ª posição.

Fonte: tradingeconomics.com

Outro factor que não ajuda os negócios, nem a atracção de capital estrangeiro é a percepção de corrupção.

Fig. 6 - Indíce de percepção de Corrupção

Em 2015, e em 2018, Portugal atinge a sua melhor nota no indíce de percepção de corrupção: 64, infelizmente, em 2021, a sua nota é de apenas 62.

Fonte: Transparency International

Conclusão

No período da "Geringonça" de António Costa, a dívida pública reduziu-se enquanto os impostos aumentaram e o investimento público diminuiu. A economia portuguesa continua a divergir da UE27 e Portugal é agora um lugar pior para fazer negócios do que era antes de Costa ser Primeiro Ministro.

Notas

Os dados e os gráficos usados neste artigo podem ser encontrados em https://docs.google.com/spreadsheets/d/1YQZ_bDSEfWuxW--livaZIFxgidAexndJKJjUIcsI1rY/edit?usp=sharing

Também recomendo a leitura do artrigo do Banco de Portugal: Evolução de alguns indicadores a partir das novas Séries Longas para a Economia Portuguesa

PS: Não sou economista, apenas um curioso, não garanto a precisão e a pertinência do que está escrito neste artigo. Apenas garanto que foi escrito de boa fé, com a maior objectividade possível e com o melhor conhecimento que possuo sobre a matéria.

Sunday, January 17, 2021

Planear a reforma | Investimento passivo / longo prazo

Em 2060, o valor das pensões deverá ser, em média, apenas 30,6% do valor do último salário. São estes os mais recentes números divulgados pela Comissão Europeia. E só há uma forma para compensar a perda de rendimento na reforma: através da poupança.

Fonte: Sábado: 5 regras para uma reforma sem preocupações

até 2040, ou seja, dentro de menos de 20 anos, a capacidade que as pensões têm de substituir os rendimentos do trabalho em Portugal cai para 54,5% – e em 2045 será inferior a metade (48,2%).
 

1. Investimentos em geral

Regra geral, investimentos com retorno garantido assegurado são enganadores. Por exemplo, as contas a prazo e os seguros têm frequentemente retornos abaixo da inflação. Ou seja, ao fim de algum tempo o dinheiro aumenta em valor absoluto mas o poder de compra desse dinheiro é inferior àquele que se investiu. Para se obter retornos reais em que se bate a inflação, e o poder de compra aumenta, é preciso correr riscos, menores ou maiores. Nesse aspecto a juventude é uma vantagem, porque a longo prazo investimentos com mais risco (por exemplo acções) tendem a dar maiores retornos. Pessoas mais próximas da reforma devem ser mais conservadoras.

Também é importante referir que se deve ter sempre um fundo de emergência separado dos investimentos. Os imprevistos acontecem e nesses momentos não se deve liquidar os investimentos pois há o risco de perder dinheiro caso o mercado esteja em baixo. Mais em: Guia da Poupança: Aprenda a multiplicar o dinheiro.

2. PPR

Os PPR, Plano Poupança Reforma, têm vantagem em relação a outros investimentos pelos benefícios fiscais:
  • de entrada: 20% do valor investido (até €2000, ver tabela em baixo) devolvido em sede de IRS;
  • e de saída: os rendimentos são tributados a 8% em vez dos habituais 28%.
IdadeDedução IRSInvestimento
Até 35 anos20% até €400até €2000
Entre 35 e 50 anos20% até €350até €1750
Mais de 50 anos20% até €300até €1500

É possível investir mais em PPR mas, sem o benefício de entrada, deixa de ser proveitoso.

Em relação a qual PPR escolher, recomendo estes artigos:
Das opções elencadas destaco o Alves Ribeiro PPR do Banco Invest que tem sistematicamente batido a concorrência nos últimos anos.

Para os investidores mais novos, ou com maior apetite para risco, sugiro olharem para o PPR Optimize Agressivo e para o PPR SGF Stoik.

3. Investir como a Gulbenkian

O artigo Observador: Gulbenkian está a minguar. A bolsa pode quebrar a tendência? revela como a Gulbenkian gasta o seu dinheiro e, mais importantemente, como o ganha. Em tempos era através dos rendimentos do petróleo mas tem vindo a mudar para uma carteira de instrumentos financeiros diversificada:

Hoje, a fundação Gulbenkian tem oito mandatos de gestão. O maior, contratado com a norte-americana State Street Global Advisors, tem mais de mil milhões de euros e procura replicar índices, em particular o MSCI World, composto por mais de 1.600 ações de 23 países desenvolvidos.
...


...
É fácil investir segundo uma estratégia passiva. Existem milhares de fundos cotados que replicam índices. O Observador recomendou no passado o iShares Core MSCI World ETF (ISIN: IE00B4L5Y983), disponível nas bolsas de Amesterdão, Frankfurt, Londres e Zurique, que investe nas maiores empresas dos mercados desenvolvidos. Também já recomendou fundos de obrigações como o iShares Core Euro Corporate Bond (ISIN: IE00B3F81R35), listado nas mesmas bolsas.


Ora o retorno real das acções mundiais entre 1900 e 2019 (ajustado à inflação) foi em média 5%/ano enquanto que as obrigações renderam 2%/ano. O gráfico abaixo compara os retornos reais ajustados para a inflação de acções com obrigações ao longo de 117 anos:
Gráfico Ações vs Obrigações vs Bilhetes do Tesouro (1900-2016) 


Em baixo elenco um ETF, Exchange Traded Fund, e um Fundo de Investimento que replicam passivamente o MSCI World Index:

Para colmatar as acções com obrigações, para baixar o risco de investimento, o David Almas recomenda:
 
Para quem é novo (pode esperar que as crises passem antes de liquidar investimentos) e assumindo que se possui um PPR (os PPR já contêm obrigações) o iShares Core MSCI World ETF é uma excelente opção. Cumpre o principal mantra dos investimentos: diversificação, pois contém acções de 1600 empresas de todo o mundo.

4. Empresas: Fundos de Pensões

Para quem tem uma empresa, ou tem a opção de subscrever um fundo de pensões disponibilizado pelo empregador, os fundos de pensões são mais uma opção de reforma. Este instrumento tem algumas semelhanças com os PPR, mas também diferenças importantes. Uma vantagem, se for oferecido pela empresa, é que as contribuições para o fundo estão isentas de IRS (até se fazer o reembolso), de Seg. Social e de TSU, permitindo uma contribuição maior para o fundo do que é conseguida quando o colaborador aplica o seu próprio salário num fundo. Uma desvantagem é que as condições de reembolso antecipado são significativamente menos flexíveis que no PPR. Para mais detalhes sugiro: Negócios: Poupança: Cuidado, fundos de pensões não são PPR.

Mais sobre este tema:

5. Alocação de activos

A lógica convencional diz que, à medida que se envelhece, se deve mudar a alocação dos investimentos de acções para as obrigações. Por exemplo:
The old rule of thumb used to be that you should subtract your age from 100 - and that's the percentage of your portfolio that you should keep in stocks. For example, if you're 30, you should keep 70% of your portfolio in stocks. If you're 70, you should keep 30% of your portfolio in stocks.

However, with Americans living longer and longer, many financial planners are now recommending that the rule should be closer to 110 or 120 minus your age.
Fonte: CNN: What's the best asset allocation for my age?


Outra abordagem, é pegar na idade e subtrair 10 ou 20 e o resultado é a percentagem de obrigações que se deve deter a data altura, ou seja:
  • % obrigações = idade - 10, ou
  • % obrigações = idade - 20
Por exemplo, seguindo a segunda fórmula, alguém com 40 anos deve deter 20% de obrigações e 80% de acções.


Há até no mercado seguros e fundos "ciclo de vida", que fazem automaticamente a alocação de bens de acordo com a o horizonte temporal de investimento, com o objectivo de complementar a reforma dos subscritores. A curva de alocação desses produtos financeiros é semelhante à apresentada no gráfico em baixo:

Target Date Fund Asset Allocation Illustration
Fonte: The Hidden Dangers of Life-Cycle Investing


Contra a lógica convencional há quem proponha manter os activos sobretudo em acções no caminho para a reforma, nomeadamente Warren Buffet que sugere uma alocação 90/10 (Is Warren Buffett's 90/10 Asset Allocation Sound?).
Na secção abaixo é referido um estudo da Trinity University, que sugere não só manter uma carteira de acções ao longo da vida como também ao longo da reforma.

6. A Reforma

Chegada a idade de reforma, como fazer uso da poupança?

A "regra" mais popular é a regra dos 4%: no primeiro ano de reforma liquidar 4% da poupança e, nos anos seguintes, resgatar o mesmo valor ajustado à inflação.

Esta regra não é absoluta, depende de algumas variáveis, nomeadamente a idade de reforma, esperança média de vida e quanto se pretende deixar de herança, mas é uma boa indicação de como usar as poupanças acumuladas.

Para perceber mais sobre este tema, recomendo ler The Trinity University Study And The 4% Safe Withdrawal Rate (SWR). O estudo da Trinity University referido no link anterior calcula a taxa de sucesso para diferentes rácios de liquidação e diferentes alocação de bens aplicados a períodos temporais:


Curiosamente os resultados deste estudo sugerem que talvez valha a pena manter uma alocação maioritariamente em acções, 75% ou mais, durante a reforma.

Um efeito de aplicar a regra dos 4% é poder calcular o valor de poupança necessário para obter a reforma desejada. Tal faz-se multiplicando o valor anual de reforma pretendido por 25 vezes, ou 30 para os casos mais conservadores (de acordo com investigadores da Morningstar, 3.3% talvez será um valor melhor).

7. Resumindo

Resumindo a informação acima:
  1. Ter sempre um fundo de emergência para imprevistos;
  2. Investir num PPR até ao limite do benefício fiscal, exemplo: Alves Ribeiro PPR;
  3. Investir num ETF, ou fundo de investimento, que siga o MSCI World Index, exemplo: iShares Core MSCI World ETF;
  4. Se for empresário considerar um Fundo de Pensões, exemplo: Optimize;
  5. No início de carreira investir sobretudo em acções e, com o aproximar da reforma, considerar aumentar a quantidade de obrigações;
  6. Chegada a reforma, liquidar 4% da poupança no primeiro ano e, nos anos seguintes, resgatar o mesmo valor ajustado à inflação.
Em baixo deixo alguns anexos com informação útil adicional.

Aviso importante: desempenho passado não é garantia de resultados no futuro. Não trabalho em serviços financeiros e o conteúdo deste artigo reflecte apenas a minha opinião e investigação independente sobre o tema.

Anexo A - O exemplo simplificado da Maria

Um pequeno exercício ilustrativo muito muito simples, sem tomar em conta inflação, impostos, aumentos salariais, rendimentos abaixo da média, imponderáveis, etc sobre como podemos pôr este conhecimento em prática.

A Maria nasceu a 1990 e pretende reformar-se com 70 anos, em 2060. Tem neste momento 31 anos, recebe €1000/mês (vamos assumir que receberá o mesmo ao longo da vida) e está com receio da projecção da Comissão Europeia que estima a sua reforma em €306/mês.

Ela quer complementar a sua reforma com mais €250/mês (€3000/ano). Para tal, usando a regra dos 4% ela precisa de chegar à idade de reforma com €75 000 (25 * 3000), quanto deve poupar?

Assumindo que ela escolhe um cabaz de acções diversificado de acções mundiais, ela espera um rendimento de 5% ao ano. Usando este simples simulador de poupança ela conclui de que precisará investir €52/mês (€625/ano) para chegar ao seu objectivo.

Com um investimento total de €25 000 feito ao longo de 40 anos, a Maria poderá arrecadar perto de €50 000, triplicando o seu investimento, tal é o poder dos juros compostos, pois soma juros em cima de juros.

Anexo B - Perguntas e respostas


Porque não matérias-primas (ouro, petróleo)?

Ao contrário das ações, das obrigações e do imobiliário, as matérias-primas não pagam rendimentos periódicos (dividendos, juros, rendas), uma fonte fundamental para o desempenho de longo prazo. Apenas valorizam pelas expectativas de inflação e especulação (investimento vs. especulação). 

Bitcoin, e outras criptomoedas, foram desenhadas para se comportar como o ouro, pelo que poderão ser inseridas nesta categoria, com a ressalva de que são instrumentos novos, pouco legislados, cujo comportamento é difícil de prever.

Porque não acções específicas (Apple, etc.)?

Para uma estratégia passiva a palavra-chave é diversificação. A diversificação protege uma carteira de eventos que afectem negativamente um tipo de activos. Quanto menor for a correlação entre activos numa carteira mais bem protegido está contra crises financeiras. ETFs e Fundos Mútuos são soluções simples para construir uma carteira diversificada.

Não há problema em adicionar algumas acções, ou fundos de investimento sectoriais, à carteira desde que não se tornem uma parte avultada da mesma e comprometam a sua diversificação. Algumas fontes sugerem usar até um máximo de 10% para "apostas" ou "investimentos de risco".

Porque não Imobiliário ou Fundos de Imobiliário / REITs?

O Imobiliário é um óptimo investimento, usado pelos mais ricos, e a maioria dos investidores portugueses está já exposta ao mercado imobiliário através da habitação própria, um investimento frequentemente alavancado por crédito. Uma vez que a diversificação é um dos pilares do investimento passivo de longo prazo deve-se evitar estar demasiado investido num só tipo de activo.

O que é um ETF? 

Um ETF, Exchange Traded Fund, é um conjunto diversificado de ativos (como um fundo de investimento), que transaciona numa Bolsa (como uma acção). Os ETFs são uma forma fácil, de baixo custo e eficiente em termos fiscais de investir o seu dinheiro.

O que é uma obrigação / bond?

Uma obrigação é uma nota de crédito emitida pelo Estado ou empresa. Quem investe em obrigações, está a emprestar dinheiro a uma destas entidades.

Anexo C - Bancos e correctoras

Onde comprar activos financeiros mencionados neste artigo? A maior parte dos bancos tradicionais permite aos seus clientes comprar PPR, ETFs, acções e obrigações. No entanto as escolhas podem ser limitadas e as comissões podem ser elevadas, deve ser analisado caso a caso. Em baixo estão algumas opções de bancos/correctoras mais focadas em investimentos.

DeGiro

A DeGiro é uma correctora holandesa low cost e tem preços imbatíveis no que toca a compra de ETFs (bem como acções e obrigações). Por exemplo, permite comprar ETFs gratuitamente. Também tem a vantagem do registo ser online, fácil e rápido.

Banco BEST

O Banco BEST tem a melhor oferta de fundos de investimento em Portugal, e para a maior parte as comissões de subscrição e resgate são 0€. Também tem a vantagem de ser um banco sediado em Portugal com escritórios físicos. No entanto para adquirir ETFs paga-se uma comissão de pelo menos 10€ (da última vez que consultei o preçário).

Banco Invest

Banco Invest é tanto quanto sei o único banco que comercializa o PPR Alves Ribeiro.

GoBulling Pro

A plataforma GoBulling Pro do Banco Carregosa é uma das mais económicas para investir em fundos cotados em Amesterdão e em Paris. Numa operação de compra ou de venda, esse banco cobra 5 euros.
 

Anexo D - Como simular a pensão da Segurança Social

A Segurança Social disponibiliza um novo Simulador de Pensões que lhe dá informação sobre o valor estimado da sua pensão quando chegar à idade de reforma.Pode também ajudá-lo a decidir sobre o momento da reforma, tendo em conta as bonificações e penalizações aplicáveis.
 
 
 

Friday, May 03, 2019

Trilhos BTT P.N. Arrábida

Não é propriamente novo, mas publico aqui alguns trilhos de bicicleta BTT no Parque Natural da Arrábida.

Estes trilhos percorrem locais como as serras do Louro, de S. Francisco, de S. Luís, dos Gaiteiros, Arrábida, vale do Alcube, localizados nas redondezas de Palmela, Azeitão, Setúbal e Sesimbra.

Na maioria dos casos também são adequados para caminhadas ou corrida. Tenham apenas cuidado a subir os single tracks íngremes pois há o risco de vir um BTTista a alta velocidade no sentido oposto.

Link directo: https://drive.google.com/open?id=1alPlf-MfIUJeIB8rZJTN4oID0wI&usp=sharing

Ao clicarem num trilho podem aceder a informação sobre o mesmo, bem como vídeos e tracks GPS.




Vídeos de alguns destes trilhos: https://www.youtube.com/playlist?list=PLc1zcNyWDVFepWAwK_mTVOzUlCbzR9MPR

Wednesday, September 21, 2016

Novo imposto sobre o património: algumas reflexões

Tem havido imenso alarido acerca do novo imposto sobre o património que a "Geringonça" pretende introduzir, com imensos artigos de opinião e comentários das fontes habituais que pouco se esforçam para clarificar o assunto. Aqui ficam umas reflexões sobre o assunto e sobre algumas ideias que têm sido propagadas pelas redes sociais e imprensa.

"A classe média e os pobres é que pagam mais impostos"

Uma ideia recorrente é a de que a classe média suporta a grande maioria dos impostos. Ao falar em classe média surge logo o primeiro problema: quem é a classe média? É uma questão que está longe de ser consensual, no artigo do Observador Ganho 2 mil euros, sou classe média? E eu que ganho 800? Nem os partidos sabem vários militantes de partidos adiantam diferentes tectos, para o BE o limiar encontra-se nos €2000/mês (€28 000/ano) enquanto que para o CDS é o último escalão de IRS (€80 000/ano). Grandes disparidades, portanto. 

Voltando à distribuição dos impostos, quem contribui mais para o IRS? O Orçamento do Cidadão de 2015 tem uma tabela que ilustra isto.

Receita do IRS por escalões de rendimento (Orçamento do Cidadão 2015)

Por exemplo, os agregados familiares que declaram mais de €80 000/ano, e que representam os 1.1% dos contribuintes que mais declaram, pagam 28.3% de todo o IRS colectado. Se considerarmos "ricos" os agregados que declaram mais de €30 000/ano então nesse caso os "ricos" são 9.1% dos contribuintes e estes pagam 69.9% de todo o IRS colectado. Ou seja, uma minoria dos contribuintes, os mais abastados, pagam a maior parte do IRS. Para vermos como isto é possível basta perceber que alguém que declare €80 000 desconta 37.65% do seu rendimento (juntando os descontos para a Seg. Social dá 49%), enquanto que uma pessoa que declare €10 000 desconta 18.7%.

Rendimento
colectável
IRS %
10,000.0018.7%
30,000.0028.0%
80,000.0037.6%
250,000.0046.4%

Tudo isto está certo, pois vivemos num estado social e por isso quem mais ganha mais contribui.

Os "super-ricos" fogem aos impostos

Um dos argumentos comuns a quem apoia o novo imposto é o de que os super-ricos fogem ao fisco (muitas vezes referindo a declarações de José Azevedo Pereira feitas à SIC Notícias) e que por isso se deve taxar (mais) o património para não escaparem. Este argumento tem uma falácia e é relativamente óbvia: se os super-ricos já fogem ao fisco porque não hão-de fugir a este imposto também? Será relativamente fácil para um super-rico dividir as suas propriedades por offshores, familiares, amigos e animais de estimação por forma a nenhum se qualificar a pagar este imposto. Ou então alugam as suas propriedades a familiares a um preço simbólico (imóveis arrendados estarão isentos do imposto). Tenho a certeza que os super-ricos já telefonaram aos seus contabilistas e lhes disseram para começarem a olhar para o assunto. Assim sobram os meros "ricos normais" que talvez (já) não sejam classe média mas que também não fogem ao fisco, abdicando de metade do seus rendimentos para o Estado, e que agora vêem as poupanças de uma vida ameaçadas.

As 1 000 famílias super-ricas a quem José Azevedo Pereira se refere são casos de evasão fiscal, são casos de fraude, são criminosos e devem ser combatidos pelos meios apropriados, através de melhores leis e de investigações da AT/Polícia que resultem em processos de tribunal. Desde que tenho memória que se fala nos super-ricos a escaparem aos impostos e desde que tenho memória pouco se fez em relação a isso e, mesmo agora, não oiço a "Geringonça" falar em tornar as leis menos permeáveis a fugas nem oiço falar em dotar a AT de mais recursos para fazer o seu trabalho.

Já existe um imposto sobre património de valor elevado

Talvez o aspecto mais irónico do anúncio deste "novo" imposto é que este imposto não é assim tão novo. Como é explicado pelo Público com este imposto o Governo pretende substituir o Imposto de Selo introduzido em 2012 pelo anterior governo, ou seja, na prática estamos a falar de alterar um imposto e não tanto de introduzir algo completamente novo. A diferença-chave é que o imposto de selo só se aplica a imóveis de valor patrimonial superior a 1 milhão de euros enquanto que o Governo pretende agora aplicar o imposto sempre que o património imobiliário global de um indivíduo ultrapasse os 500 mil euros. Hoje em dia alguém que tenha duas propriedades com valor patrimonial de 600 mil euros não paga imposto de selo e no futuro poderá ser diferente. No fundo, o objectivo é aumentar a base de incidência do actual imposto e, até, tornar o imposto mais justo. Se o Governo tivesse falado em "optimizar" o imposto existente em vez de "novo" imposto talvez todo este assunto tivesse gerado menos alarido. Aliás, todo o anúncio deste imposto foi bastante descuidado e até à data ainda não se sabe o seu valor (o actual imposto de selo é 1%).

Este imposto não tem impacto no PIB

Esta é uma meia verdade que tem sido repetida. De facto taxar o património não tem impacto directo no PIB, mas vamos olhar para os argumentos que o Governo usou no seu plano eleitoral. O seu plano era aumentar os rendimentos da função pública e dos mais desfavorecidos para estes consumirem mais e assim aumentar o PIB. Então, por esta ordem de ideias, se retirarmos mais de €5 000/ano (1% de €500 mil euros) aos indivíduos "ricos" estes terão menos dinheiro para consumir diminuindo assim o PIB.

A confusão entre stock e fluxo

O título desta secção vem de um artigo com o mesmo nome que tem uma passagem pertinente:

A riqueza é um stock. O rendimento é um fluxo. O stock consome-se. E no limite, sem fluxos, o stock esgota-se. É esta a diferença conceptual que alguém tem de explicar à estimada deputada [Mariana Mortágua]. Porque é sobre o stock que este imposto poderá incidir e, pior ainda, numa lógica progressiva cuja aplicação poderia fazer sentido teórico sobre fluxos mas não sobre stocks. O novo imposto apanhará na malha os proprietários que têm stocks e fluxos, e também os proprietários que tendo stocks não têm fluxos. Assim, pode muito bem suceder que um proprietário seja forçado a vender uma parte do seu stock para gerar um fluxo (progressivamente maior em função do valor do stock), conduzindo a situações de mal-estar individual e agregado que em nada traduzirão a suposta equidade que a medida alegadamente propõe alcançar.

Poder-se mesmo dizer que a Geringonça está mais focada em tornar os ricos pobres do que em tornar os pobres ricos.

Conclusão

O que me chateia neste imposto, além do anúncio descuidado e atabalhoado, é que vai incidir sobre aqueles já pagam a maior fatia dos impostos em Portugal: a classe média alta / novos ricos. Os "super-ricos" vão continuar a não pagar e está perder-se tempo, energia e dinheiro que poderiam ser dedicados a melhorar leis e reforçar a AT para ir atrás de quem prevarica e deixa sempre a fatura por pagar. Se o governo acredita que o património deve pagar mais, então aumentem o IMI e tornem-no progressivo. Não criem um "novo" imposto que será evitado pelos super-ricos e que obrigará os mesmos do costume a pagar 4x o que já pagam de IMI. Nos últimos anos tivemos os "cérebros" a sair de Portugal por causa da falta de oportunidades, no futuro pode ser que mais saiam, e que os anteriores não voltem, por causa da elevada taxação portuguesa.

Por último, Portugal está falido e tanto o Estado como as empresas estão altamente endividadas, precisamos de investimento estrangeiro para sair desta situação precária. E como disse a presidente do Conselho de Finanças Públicas: mudar impostos a cada 6 meses “tira confiança aos investidores”. Vamos antes focar-nos em estabilizar e afinar a máquina fiscal, melhorar a Justiça portuguesa que o PIB e as receitas fiscais aumentarão.

Friday, October 24, 2014

A fatia do Estado (aquele guloso...)

Há uns dias atrás estava a ter uma discussão interessante com uns amigos sobre os custos de fazer negócios em Portugal e levantou-se uma questão interessante: se um empresário vender um serviço a um cliente com quanto fica o Estado? Depressa percebemos que seria muito, mas é interessante fazer as contas e perceber que o Estado e a Segurança Social ficam com mais de metade do dinheiro transaccionado. Isso mesmo, por cada euro que se transacciona menos de metade fica para a empresa/trabalhadores.

Para ilustrar vamos pegar num caso muito simplificado. Imaginemos uma empresa de serviços que não tem lucro, em que os empregados recebem todos aproximadamente 1000€ líquidos (17.5% de IRS) e que o dinheiro ganho é todo revertido em salários. E agora imagina que compras um serviço a esta empresa por 10€ (8.13€ + IVA), as contas ficam assim:


Em 10€ gastos o Estado e a Seg. Social ficam com 5.27€! Estas contas simples ajudam a perceber porque interessa pouco a empresas estrangeiras investir em Portugal e porque as margens das empresas têm que ser grandes para tirarem algum dinheiro do seu investimento. Com estes valores é um verdadeiro desafio criar um negócio em Portugal.


Podem ver as contas em detalhe no gdocs ou em baixo:

Thursday, September 04, 2014

Praias semi-privadas

Em Portugal, por lei, as praias são públicas e toda a gente (rica ou pobre) tem o direito de aceder e usufruir das mesmas. No entanto há sítios no nosso país onde se parece ter contornado esta lei e criado o conceito que eu designo de praias "semi-privadas". Devido talvez a uma alergia dos ricos aos pobres, ou pura e simplesmente, um gosto de estar apenas rodeado pelos da sua classe vão-se criando "enclaves" que dificultam o acesso à praia pelos menos abastados.
Escrevo este artigo da Praia da Quinta do Lago e de seguida conto-vos como aqui vim parar. Estamos de férias em Faro e temos tentado ir a uma praia diferente todos os dias. Ora, como já tínhamos ido à Praia de Faro olhei para o mapa procurei um praia mais a leste. O que encontrei? A praia da Quinta do Lago. Agarrei no GPS e cá vim ter. Ao aproximar-nos da praia chegamos a uma rotunda com 3 saídas. Uma dizia hotel e tinha um sinal de trânsito proibido excepto para utentes do mesmo, outra dizia "aldeamentos" e a terceira dizia "praia". Ao sair na ultima saída somos imediatamente confrontados com um sinal de parque pago. Olhamos em redor e todos os passeios são altos de mais para estacionar... Recorremos ao típico xico-espertismo tuga, viramos para os aldeamentos (eufemismo para mansões de férias) onde por cada mansão havia lugares para uns quatro carros (suponho que sejam para o jardineiro, ama, mordomo e senhora da limpeza). Lá nos safámos mas claramente estes não eram lugares para quem queria ir à praia. E não há estacionamento gratuito previsto para os banhistas. Como é que a câmara municipal local compactua com isto?
O segundo caso é o de Tróia, praia da minha infância. Desde que o grupo SONAE ficou com a concessão da Torralta os preços dos bilhetes de barco mais que duplicaram. Um bilhete de ida-e-volta de Setúbal para Tróia (e somos obrigados pela Atlantic Ferries a comprar ida-e-volta) custa 6.50€! Um valor que permite uma ida ocasional à praia mas certamente não permite a uma família usar a praia diariamente. Para efeitos de comparação a travessia de ferry Olhão - Ilha da Culatra nos dois sentidos custa 3.70€. Não foi só a travessia para Tróia que se tornou proibitiva o grupo reduziu o estacionamento gratuito em Tróia a meia dúzia de lugares e agora espera que as pessoas lhes pague para lá deixar o carro.
Estes exemplos são infelizes e desconfio que não sejam os únicos... Melhor exemplo, não perfeito, é o da praia do Carvalhal cujo estacionamento junto à praia é pago mas que logo a seguir disponibiliza um estacionamento gratuito salvaguardando o direito de acesso à praia por todos.

Sunday, April 06, 2014

CGD viva, será que vale a pena?

Um representante da CGD vendeu-me o novo cartão multibanco viva como uma forma de poupar dinheiro nos transportes públicos, mas a realidade não é assim tão simples. Vamos analisar o caso de uma viagem de comboio suburbana CP para um utilizador frequente com um cartão viva Zapping.

Ao carregar o cartão viva zapping com 15€ recebe-se 1.15€ de bónus o que implica um desconto de 7% (1.15/16.15) sobre todas as viagens.

Custo da viagem com CGD viva: 1.80€.
Custo da viagem com cartão viva zapping: 1.67€ (1.80 - 0.07*1.80)

Conclusão, a forma mais barata de viajar de comboio em Lisboa é usando o cartão viva zapping (excluindo passes mensais). O que este representante me disse não é 100% exacto. Contudo, para quem usa os transportes urbanos de Lisboa ocasionalmente pode revelar-se uma opção prática por transportar menos um cartão e por não ter de adquirir (e carregar) o cartão viva zapping.